segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Liga ZON Sagres: Análise da jornada 6

O PASSO CERTEIRO DO DRAGÃO

Liderança sólida, alicerçada em bons jogos, atitude personalizada e confiante: o FC Porto bateu o Olhanense, cimenta o seu estatuto, exibe as distâncias para a concorrência e percebe que nada ganhou, é realista, não deixa que o pensamento seja toldado pelo fabuloso arranque. O Benfica somou a segunda vitória consecutiva, mais esforçado do que o necessário, sendo demasido perdulário e apenas por uma vez conseguindo acertar na baliza do Marítimo, enquanto o Sp.Braga, sem jogar bem, foi eficaz frente à Naval. Em Alvalade, o Sporting desiludiu, cometeu erros antigos, cedeu ante o Nacional e atrasou-se na luta pelo título - já são dez pontos. Destaque para a campanha da Académica, mostrando arrojo e credenciais, estabelecendo-se na segunda posição.

O líder está bem e recomenda-se: solto, confiante, risonho e vencedor. O FC Porto carrega no acelerador, esforça-se por fazer bem, é tenaz, percebe que o resultado é realmente o objectivo a que tem que chegar em primeiro lugar, torna-se possessivo, transcende-se, tira bola ao adversário e joga com o pensamento fixado na baliza. Ultrapassou mais uma barreira, nova etapa da sua consolidação, está cada vez mais próximo dos ideais de André Villas Boas, é uma equipa moderna, capaz, vence com categoria. Ultrapassou o Olhanense, uma das boas formações deste arranque de temporada, impondo a primeira derrota aos algarvios. O dragão circula, produz e concretiza, ao mesmo tempo que fecha os caminhos para o seu território. No contexto de felicidade, favorável à manutenção, Nicolás Otamendi estreou-se a marcar, abriu o caminho da vitória que Hulk confirmou. O FC Porto cumpriu antes do intervalo, geriu o esforço depois.

A tensão benfiquista subira, ameaçara o limite e a ansiedade apoderara-se da águia. Oportunidades em catadupa, golos feitos desperdiçados por Cardozo e Saviola, uma grande penalidade deixada passar em claro por João Capela, se bem que Maxi Pereira também tenha colocado a mão sobre o ombro de Djalma no interior da área benfiquista, total desacerto, pressão cada vez maior, margem nula: cocktail explosivo para o campeão, proibido de ceder terreno, falhando onde antes era letal, vendo Roberto agigantar-se na baliza. O minuto cinquenta descarregou a adrenalina: Fábio Coentrão recebeu a bola, deixou-a a saltitar, olhou para Marcelo Boeck e disparou certeiro. O golo surgiu pelo melhor jogador, pelo mais entusiasta e aguerrido, encheu de justiça o resultado: o Benfica foi melhor, teve requintes de masoquismo, falhou inúmeras ocasiões por inusitada inépcia mas conseguiu vencer ante um frágil Marítimo.

O Sp.Braga regressou a casa. Encontrou o ambiente ideal para superar o pesadelo em que, num abrir e fechar de olhos, se viu inserido. Precisava de uma vitamina, um aconchego e um novo início para voltar a abrir um sorriso. Conseguiu alimentar o ego, venceu e somou três pontos: isso é o importante neste contexto. Os bracarenses encontraram dificuldades no início, mostraram poucas ideias, embateram na boa organização da Naval, coesa a defender e tentando ser perigosa a atacar, não conseguindo criar perigo. Marcaram, sem saber ler nem escrever, num tiro forte de Mossoró. O golo, antes da meia-hora, abalou a Naval: perdeu os seus atributos, desorganizou-se e foi incapaz de reagir. Imprimindo o seu ritmo, sem jogar bem, o Sp.Braga chegou aos três golos, aproveitando erros adversários, e carimbou a vitória. Foi a equipa mais forte e, sim, ganhou bem. Apenas nos minutos finais, Fábio Júnior reduziu a diferença.

Aos poucos, o Sporting cai nos vícios do passado, revela impotência, mergulha nas dúvidas e perde força para se assumir na luta pelo título. O leão controla, tem bola, remata, ronda a baliza adversária e passa perto do golo, só que tarda em conseguir um fio de jogo, em fazer valer-se como colectivo. Não tem alegria, falta-lhe maturidade, está intranquilo. Vive de raros fogachos e sente forte a falta de desequilíbrios e a completa ausência de Liedson - que até faz Paulo Sérgio, ao intervalo e com um nulo, retirá-lo da equipa. A equipa melhorou após o intervalo, com Saleiro e Diogo Salomão em campo, pressionou mais, deu mais largura ao seu futebol, desbloqueou o nulo, num sensacional pontapé de Saleiro, conseguindo saltar para a frente. Em vantagem, o Sporting recuou, abusou da confiança, colocou-se a jeito. Todo o esforço para marcar foi inglório: Danielson, também num belo golo, embora consentido, deu o empate. O Nacional pouco fez.

A Académica conseguiu, à sexta jornada, ultrapassar as expectativas: ascendeu ao segundo lugar, com onze pontos, depois de ultrapassado o Vitória de Guimarães (3-1) - em igualdade pontual, tal como o Sp.Braga -, conseguindo um belíssimo arranque de temporada no campeonato nacional. O União de Leiria conseguiu vencer pela segunda vez: bateu o Rio Ave, por 1-0, confirmando o arranque em falso da equipa vila-condense, ainda sem triunfos, contando, a par do Marítimo, com apenas dois pontos. O Vitória de Setúbal, inflingindo a primeira derrota ao Paços de Ferreira (ganhou, no Bonfim, com um golo de Claudio Pitbull), chegou aos nove pontos, alcançando o Olhanense. Também o Portimonense somou mais três pontos (1-0, sobre o Beira-Mar), conseguindo o segundo triunfo na Liga ZON Sagres. Apenas com quatro pontos somados, imediatamente acima dos lugares de descida, a Naval despediu Victor Zvunka.

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