quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Liga ZON Sagres: Análise da jornada 8


LÍDER AO SABOR DO INCRÍVEL GÉNIO DE HULK

Hulk, Abel e Javi García. Têm pouco em comum. São jogadores diferentes, têm tarefas incomparáveis e jogam nos três grandes portugueses. É muito mais aquilo que os separa do que o que os une. Vivem com estados de alma completamente distintos. Mas têm em comum a importância manifestada nas suas equipas. O FC Porto destroçou o União de Leiria, recuperou a caminhada de vitórias no campeonato, marcou como nunca antes e elevou a qualidade exibicional. Teve Hulk em destaque. Benfica e Sporting venceram Portimonense e Rio Ave, por esta ordem, suando, lutando e merecendo. Sobressaíram, na ausência de pontaria dos atacantes, Abel e Javi García. Pouco prováveis para decidir. Tal como no Sp.Braga-Olhanese, onde apareceu Jardel, pé-descalço, herói e vilão.

Hulk. O brasileiro tem um potencial enorme, está numa forma brutal, corre como nunca, ganhou confiança, acredita nas suas capacidades, tem sucesso no que faz, canaliza a sua acção para a equipa e abre um sorriso de orelha a orelha. É o maior impulsionador do FC Porto, carrega o dragão e fá-lo vibrar. O União de Leiria sentiu a arrancada fulgurante, incisiva e vigorosa, da equipa portista: dez minutos, uma bola no poste, uma defesa de Gottardi e, à terceira, um golo. De Hulk. O segundo chegou cinco minutos depois. Com rasgo, dinâmica e brilho. Este FC Porto entra forte, lança-se ao pescoço do adversário e vai cimentando a sua condição até poder relaxar e gerir esforços. Os leirienses nunca incomodaram Helton, apenas chegaram ao golo numa grande penalidade cometida por Fernando, já Varela e Falcao haviam aumentado a lista azul, revelaram-se muito tenrinhos e viram El Tigre, no final, completar a mão cheia de golos.

Javi García. O médio espanhol funcionou, na temporada anterior, como um verdadeiro relógio do meio-campo benfiquista: equilibrava, sentia as pulsações da equipa, abria o ataque e fazia, com Ramires, de elo de ligação entre a equipa. Nesta temporada, como muitos outros, está menos exuberante. Em Portimão, frente a uma equipa aguerrida, bem preparada e voluntariosa, o Benfica encontrou dificuldades no início, sim, mas, a partir do momento em que se conseguiu soltar das marcações algarvias, encontrou espaço, criou perigo, sempre através de lances de bola parada, levando Ventura a agigantar-se. Rondou a baliza, teve bolas de golo e foi pressionante. Não desatou o nulo até ao intervalo. Apenas no recomeço. Por Javi García. O espanhol ganhou espaço, apareceu bem para receber o cruzamento de Carlos Martins e cabeceou certeiro. O Benfica não encantou, mas venceu com mérito. Era imperativo.

Abel. Não é um jogador de primeira linha do Sporting. Nem tem, tão pouco, sido muito utilizado. Em compensação, exaltando o profissionalismo, dá tudo o que tem. Pode ser, por exemplo, a imagem do leão: com debilidades, sem encantar, mas com solidariedade, com vontade e garra para fazer melhor. Por vezes não corre bem. A este Sporting essa diferença tem sido demasiado evidente. A equipa é capaz do bom e do mau, oscila com uma facilidade inquietante, revela-se demasiado intermitente para quem sustenta ambições de chegar alto. A certa altura, também, parece que está amaldiçoada: Paulo Santos opôs-se bem às investidas e os ferros, por três vezes, negaram o golo. O leão abala, desespera e puxa pelos cabelos. No final, já com o fantasma de um novo desaire em casa, Abel, num pontapé cruzado, deu a vitória, fez soltar a adrenalina e mantém a perseguição do Sporting. Estava no sítio certo à hora certa e foi herói.

Jardel. Apelido conhecido, de craque, que nos remete para outros tempos. Este Jardel, sem nenhuma relação com Super Mário, joga como defesa-central e representa, nesta época, o Olhanense. Em Braga, no minuto sessenta e três, travou um lance de golo iminente, arrojou-se ao relvado e foi providencial. Só que ficou sem chuteira. Pé descalço. Os minhotos tiveram a sua chance: livre indirecto, oportunidade única para desfazer as dúvidas e ganhar conforto. Lima, na conversão, marcou. Fez o seu segundo golo, juntou-o a um de Mossoró, dezoito minutos depois do empate, para alagar a vantagem sobre o tento inaugural de Maurício. O Sp.Braga foi feliz, assentou e tranquilizou-se. Deixou para trás uma primeira parte má, sem dinâmica ou chama, onde sofrera um golo e nunca se conseguira soltar-se. Cresceu com a entrada de Vandinho, mostrou vontade de mudar, insistiu e conseguiu-o com Lima. Mesmo passando por pé descalço.

Oito jogos, catorze pontos e terceiro golo: sensação, confirmação de valor e capacidade para se superiorizar demonstrada pela Académica. Os estudantes venceram o Nacional, por 2-1, conseguindo permanecer num lugar de destaque. Num plano inverso, o Marítimo, representante europeu e assumidamente candidato a ficar nas primeiras cinco posições no final do campeonato, somou, à oitava tentativa, a sua primeira vitória - em casa, por 1-0, ante a Naval -, deixando o Rio Ave (única equipa sem triunfos) e os figueirenses nos lugares de despromoção. Nuelo de Vitórias, o de Setúbal, confirmando o arranque auspicioso, bateu o de Guimarães, no Bonfim, por 2-1, colocando-se nos doze pontos - com Olhanense e Sporting pelo meio. Logo atrás, com menos um ponto conquistado, encontram-se Paços de Ferreira (empatou, a um, frente ao Beira-Mar) e União de Leiria.

Sem comentários: