terça-feira, 9 de novembro de 2010

Liga ZON Sagres: Análise da jornada 10

A TRIPLA VITÓRIA AZUL

O FC Porto é líder. Cada vez mais forte, mais consistente e mais isolado. Abriu um sorriso rasgado, de orelha a orelha, à décima jornada: destroçou o Benfica, bateu forte no rival, marcou como poucas vezes neste tipo de jogos, vergou o campeão a um futebol envolvente, estabeleceu a distância em dez pontos, fortaleceu-se mais um pouco na luta pelo título e, ao mesmo tempo, viu os outros dois possíveis concorrentes, Sporting e Sp.Braga, perderem terreno. O dragão ganhou a triplicar: no Dragão, em Braga e em Alvalade. Está cumprido um terço do campeonato e é cedo, demasiadamente cedo, para se colocar o rótulo de campeão anunciado. Ninguém, no FC Porto, o aceita - nem pode. Mas a máquina azul segue veloz. E é o único que mostra credenciais.

O dragão vai elegante, vestindo smoking, em passo apressado. O FC Porto segue triunfante, seguro e invicto: vitória gorda e inusitada, expressiva como poucas, sobre o Benfica. Diferenças evidentes, gritantes até, entre um dragão guerreiro, conquistador e sedento de glória e uma águia em queda livre, definhando pelo relvado, sem forças para mudar os acontecimentos. O clássico do Dragão fora marcado a vermelho e bem sublinhado como decisivo. Para o Benfica, sobretudo. Mas o campeão nunca apareceu, somou erros, inofensivo e impotente, ante um FC Porto letal, mortífero e oportuno. O dragão ganhou de forma clara. Uma mão-cheia: de golos, de entusiasmo, de vivacidade, de ritmo, de futebol. O Benfica não foi mais do que uma mão-cheia de nada: olha para as quinas de campeão com nostalgia, procura inspiração, tenta crescer. Não consegue. O FC Porto impôs o ritmo, abriu o cofre aos doze minutos e embalou, com Radamel Falcao e Hulk, auxiliados pelo toque de Belluschi, para a excelência de uma goleada. Sem contestação.

O Sporting entrou forte, empurrou o Vitória, levantou primeiro a espada do que a equipa vimaranse, tomou de assalto a fortaleza de Nilson, marcou aos quize, aumentou aos trinta minutos e conseguiu conforto. Mesmo tendo conseguido o segundo golo sem realmente o ter marcado, porque a bola não ultrapassou por completo a linha final, o leão demonstrou a sua exibição mais pujante, tenaz e proveitosa. Fosse mais assertivo e teria, na primeira parte, ganho maior ascendente. O Vitória tremeu, caiu e pareceu morto. O intervalo fez bem: Manuel Machado mudou, a equipa ganhou atitude, continuou a ver o Sporting desperdiçar, sim, mas tornou-se mais coesa. Só que o futebol é irónico, sarcástico, mordaz. Maniche, aos setenta e três minutos, perdeu a razão, pontapeou Rui Miguel e foi expulso: hara-kiri, verdadeira catástrofe, leão desnorteado, Targino na pele de diabo, dois golos em dois minutos e, no final, reviravolta num pontapé de Bruno Teles. Aproveitamento, mérito na viragem e segundo lugar: eis o Vitória.

Um lugar-comum: no futebol nada dura para sempre. Os recordes, diz-se, são feitos para ser quebrados. E as surpresas para acontecer. O Sp.Braga faz da sua casa um muro quase intransponível, mesmo para os grandes, que na última época venceu nas recepções, tendo feito um ano, em Maio, desde a última derrota dos minhotos no seu estádio. Domingos Paciência, por exemplo, nunca havia perdido em casa - era Jorge Jesus o treinador no último desaire, ante o Benfica, já no final do campeonato de 2008/09. O Beira-Mar conseguiu-o: cabeça levantada, ousadia, atrevimento, competência e uma teia por Leonardo Jardim para o sucesso. Os aveirenses chegaram aos três golos, um de Leandro Tatu e dois de Ronny (sim, o da mão em Alvalade!), deixaram o Sp.Braga em tremuras e, com labor e sacrifício, garantiram uma vitória, justa e merecida, que Meyong e Lima, nos últimos minutos, ameaçaram. O Sp.Braga ainda esteve perto do golo, é certo, mas Rui Rego negou-o. E a vitória assenta bem ao Beira-Mar.

FC Porto líder. Vitória de Guimarães, agora, no segundo lugar: igualdade com o Benfica, em dezoito pontos e, como vantagem, melhor diferença de golos e uma vitória sobre o campeão. Segue-se, depois da vitória sobre o Paços de Ferreira (0-1), a primeira sofrida pelos pacenses em casa, o Nacional - com menos dois pontos. A Académica caiu para o quinto ponto depois de, no Algarve, se ter deixado empatar, após ter dominado e conseguido uma vantagem de dois golos, pelo Portimonense (2-2). Os estudantes estão, a par do Sporting, com quinze pontos somados. Aparecem, depois, Sp.Braga, Olhanense (empate, a um, ante a Naval, que é último, com apenas cinco pontos) e Beira-Mar. O Vitória de Setúbal-Rio Ave abriu a jornada: teve emoção, alternância no resultado, três golos para cada e coloca os sadinos com treze pontos - o Rio Ave mantém os sete, em penúltimo. Marítimo (em recuperação - oito pontos) e União de Leiria (com doze) empataram, na Madeira, a um.

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